domingo, 22 de agosto de 2010

Construção de imagens

Acabo de ver o making-off de um filme brasileiro, em que, João Daniel Tikhomiroff, fala sobre o desafio de se materializar um pensamento. Da dificuldade e transformar aquelas imagens que vivem nos pensamentos de alguém, em imagens que outras pessoas são capazes de ver e, de alguma forma, se emocionar.

Sempre penso a mesma coisa: como materializar o meu pensamento de modo acessível a outro ser humano. O fato de eu ser um ser humano também já ajuda bastante ne decodificação, mas existem detalhes da minha construção mental que talvez não sejam objeto de uma tradução simples. Daí surge um desafio; o que dizer e as imagens contidas neste querer eu sei, mas como pincelar?

Isso, claro, para o ponto de vista multiplicador, em que o objetivo é tornar clara a mensagem, mas há também a difusão. A expressão que se apresenta diáfana e que a intenção final não é a compreensão e sim a exposição crua de uma sensação. Esta coisa de escrever para dentro, por preguiça mesmo, torna-se para mim bem mais gostosa e motivadora. Como se cada quadra de verso fosse possuidora de um mistério meu. E se é como mistério que se apresenta, quem de fora será capaz de codificá-la? E se o fizer com razoável acerto das minhas metáfora, que qualidade de pessoa é ela com quem eu posso me relacionar, por viajar nos mesmos nós que os meus?

Exprimir uma realidade abstrata e cheia de conceituações nascidas das minhas sinápses e convulsões cerebrais é o grande barato que me move. Haverá sempre leitura para todos os gostos, mas é no meu estilo, denso, íntimo e passional, que encontro desafogos maravilhosos para dizer como anda esse paulistano que se parece um pouco com tudo e ao mesmo tempo com nada.

São os meus misteriosos dizeres que se espalham por aí e que tento, às vezes, dar corpo.

2 comentários:

Não me procure se não for importante