sábado, 21 de setembro de 2013

Tirana alma insone

Tem uma brasa no peito que queimou sua camisa
Cantou destemperadamente o poeta na manhã de sábado
Fudido, quase desesperado, sem conseguir dar um passo e com medo de tudo
Cantou desesperado com se tudo pudesse se resumir em um acorde.
A canção não acordou, mas queria ainda dizer algo.
Era algo insone e balbuciante
Um suspiro que se agita enquanto correm suores e lágrimas de uma canção antiga.

Ele quis sair correndo como se pudesse fugir de seus medos de sonho
Pausou, mas cansou-se do silêncio e gritou feito louco sem poder ser ouvido
Era um pesadelo em que não se acordava.

Até que relaxou zonzo e trôpego. 
Já não doíam as marcas e as pequenas contusões do caminho
A pressão baixava e ele seguia moribundo.

queria acordar daquele acorde misterioso
Queria salvar o mundo das tempestades de enxofre
Percebeu-se sem face, sem facebook, sem contatos imediatos
Queria além da preguiça de sempre.

Queria brigar com amigos que fugiam 
Queria tudo aquilo que não tinha

Era uma alma perdida, sem sono e dormida.
Acordado via toda a sua vida passar na sua frente
Na tirana tortura do seu algoz mais cruel
Seu próprio eu gritando como o pingo que não parava de lhe bater à testa

Só queria ser verão e fugir do frio
Só precisava de duas gotas de sal daquele mar
Sorveu mais um trago etílico de vida e morreu

terça-feira, 23 de julho de 2013

O Covarde se levantou

Isto não é uma história de ficção.

Para todos que criam ou depositavam esperanças em mim, gostaria de revelar um segredo:

Eu sou um grande Covarde.

E como bem diz o nome, gostaria de começar pedindo desculpas à minha mãe, meu pai, irmão e namorada. Porque para um bom covarde, tudo começa com uma bela desculpa. Sei que vocês esperavam mais de mim, mas infelizmente é isso. Sei também que vocês sempre tiveram muita coragem para encarar a vida, mas esta mesma coragem não foi colocado na minha mamadeira.

Eu sempre soube que eu era um banana, mas não entendia os sinais que a vida me dava, porém hoje, olhando para trás, tudo faz sentido.

Naquela sala de cinema em que saí corrido, tropeçado, soluçando em direção ao banheiro para chorar sozinho em frente ao espelho, eu pranteava por perceber o grande covarde que se erguia (ou dormia) em mim.

Não, eu nunca fiz um grande feito. Nunca atravessei a rua com os olhos vendados. Nunca joguei roleta russa para ver no que dava. Isto nem de longe seria um feito meu.

Há tempos atrás, me incomodei com um personagem de Edukators. Aquele senhor que foi sequestrado. Claro, ele é um típico covarde que deixou que a vida o engolisse pouco a pouco. Carro por carro, seguro por seguro, casa por casa. Ele não teve coragem de erguer sob si mesmo. Assim era eu, olhando a cena e brigando contra minha própria essência, mas transferindo a ele a culpa de todos os males que me afugentavam.

Sérgio Sampaio disse na canção

"Há quem diga que eu dormi de touca
Que eu perdi a boca, que eu fugi da briga
Que eu caí do galho e que não vi saída
Que eu morri de medo quando o pau quebrou"

O sujeito oculto presente na primeira oração sugere que ninguém entendia nada do que ele tinha em mente, mas eu sei. Eu sei muito bem. pois este é o retrato do covarde se escondendo dos olhares inquisidores. Pra terminar, revela sem perceber

"Eu, por mim, queria isso e aquilo
Um quilo mais daquilo, um grilo menos disso
É disso que eu preciso ou não é nada disso
Eu quero é todo mundo nesse carnaval..."

pois para não gerar polêmica você quer isso e aquilo também, tudo disso e nada disso. É preciso garantir a fantasia do grande carnaval e calar sua essência.

O cara corajoso, entra na curva sem dar seta, não anda descalço, come a manga com as mãos e suja a camisa de amarelo, já o covarde não entra na contra-mão e em dias de chuva, só anda na rodovia a setenta cuja velocidade é cem. Quem conhece um covarde e me conhece é só comparar.

O que busco é o vai da valsa, a trama do rio sem transgredir a natureza que por si só tem beleza. Empresto dos outros o carisma para fazer-me herói e poucas vezes falo em primeira pessoa. Não existe exposição, só muros sem nome ou sobre-nome.

Mas agora serve esta de revelação. Não para que eu me torne mais corajoso, mas para que eu seja o covarde que sou sem vergonha de mim. Não esperem a vanguarda. Não me guardem como um ícone a não ser que queiram se juntar ao time dos covardes confessos. Venham a mim os que não tem coragem de levar o baluarte no front, os que gaguejam quando questionados sobre seu próprio nome e que se cagam diante de uma apresentação. Venham e libertem-se da convenção do herói que tantos os aflige.

Não era Álvaro de Campos em sua cidade a cem por hora, era sim o bucólico e confuso Alberto Caeiros que se manifestava na cabeceira da minha cama. Era ele em sua originalidade covarde que me guiava nas noites. E eu achando que era natureza? nada.

Agora desperto em minha covardia, vou dormir mais cedo pois está frio e tenho medo gripar.
Me desculpem por isso




quarta-feira, 19 de junho de 2013

Estava fácil governar sem povo.

Para quem sempre me acompanhou por estas linhas, peço desculpas pelo silêncio.
Acho que estava cansado de falar sobre a minha percepção, tão íntima, sobre o caráter psicológico dos tantos brasileiros que me rodeiam. E também sobre o caráter do brasileiro que sou. 

Mas alguma coisa reacendeu. 

Começou como uma fricção, lenta e constante de uma Apeosp reunindo-se todas as sextas feiras em algum ponto de cidade de São Paulo em Maio de 2013, para reivindicar melhores salário para os professores municipais e estaduais.  Essa fricção na madeira em busca do fogo, se juntou com os vários manifestos de liberdade sexual, contrapondo os abusos religiosos e mal intencionada do Marcos Feliciano e sua comitiva de preconceitos. 

A Internet ficou pequena e a tábua dos milagres já estava quente demais para segurar tantos corações em brasa.

Os governos municipais aumentaram as tarifas de ônibus e alguém ficou de saco cheio. Juntou meia dúzia de gatos pingados e foram para as ruas. As ruas ganhou o Facebook. O Facebook voltou para as ruas e quando vimos, já eram 65 mil gritando em São Paulo e outros 200 mil nas ruas de outras cidades brasileiras. 

Tenho conversado com muitas pessoas a respeito. Esse é um dos movimentos mais importantes da década. A isso se assemelha a queda da bastilha, a guerra civil americana, os estudante franceses de maio de 68, o movimento dos caras pintadas. Em particular, no Brasil, o que leva as pessoas às ruas é a paixão; a mesma que leva o sujeito para escolas de samba ou aos estádios de futebol. Obviamente que não falo de paixão alegre e sim do grito.

Não se sabe bem pelo que grita, mas grita. Expõe o sentimento à sua mais íntima indigestão e vomita em jorros de diversos sucos. Os que andam de carro, grita o trânsito. Os que andam a pé, o preço e a qualidade dos sapatos. Os que vão de bike, a falta de infra estrutura e braço. Os enfermos a saúde debilitada em hospitais públicos e a falta de médico nos consultórios privados. Grita a inexistência de negros na sala de aula do curso de extensão de planner  que acabei fazer na ESPM.

No peito sobra o que gritar e o uivo se multiplica em redes sociais cada vez presentes nas manifestações. Sendo de apoio ou de repúdio, não importa, pois isto é uma pequena amostra de como a sociedade está se transformando e que os valores antigos não servem mais para a nossa nova forma de vida.

O gigante acordou? Sim, mas ainda vai andar insone até conseguir achar onde estão os chinelos, a escova e a pasta de dente.

Sou favor das manifestações, com  violência ou sem (este é tema de outro post). Estava muito fácil para os políticos governarem um Brasil sem povo. 
Iniciativa privada, se preparem, o próximo serão vocês. 

domingo, 16 de dezembro de 2012

Um Casamento Pagão

Estou na casa de um grande amigo de letras inscrevíeis. Amigo que nos tempos difíceis esquentou o meu coração vazio com frases de Buckovicz. 
É uma casa simples. Uma segunda unidade num espaço agradável. Chove como nao poderia ser difernte em uma tarde de verão. Ele está gravido e a gestação tem este sabor de conhecimento humano. Sim isto é casamento pagão.

Pagão nao pela ausência de religião; não é possível supor esta ausência, mas pela proposta de ser qualquer coisa diferente de tudo. E como ser diferente se o destino do ser humano é viver? O que é ser diferente? Sempre existirá lágrimas de alegria. Haverá desprendimento e reagrupamentos. Sempre haverá um lar e coisas para se aprender. Por que pagão?

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Apresentação - Inove sadia

sábado, 1 de setembro de 2012

A Flor da Pele

Estar a flor da pele é isso Chico Buarque

 

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Mistérios Sonoros

Mistérios sonoros.


Todos os romances deveriam ser russos.
O amor só poderia ser sussurrado se o fosse em francês,
Enquanto isso, germana seriam todas as rodas filosóficas.
O rock só seria permitido em uma língua; o inglês.
Nenhuma poesia no mundo seria lida se não em espanhol,
Y la revolución también.


Rogerio Lima

segunda-feira, 26 de março de 2012

Acendendo o escuro

Parar um pouco, pensar na vida e em todas as brisas em que ela se manifesta. É ver que existe uma certa graça na infame alegria da familia pateta. É parar pra pensar que a vida pode ser também um pouco assim pateta. Tantos sonhos e tantos planos. Tantas coisas que gostaria de fazer em tão pouco tempo. Como desafiar o véu do futuro nesta busca incessante sobre o ser de amanhã. Diante de tantos hojes, de tantos agoras, Ah como ser humano é também ser um pouco pateta. 

Na terra do Mickey tudo vai mal demais. Ah mas se vai mal. Uns por cima dos outros na gananciosa cavalgada do corceu negro.. Como cavaleiros de um possível apocalipse eles vão com suas tochas acendendo histerias por onde passam. A vontade de ser apenas mais um, nunca foi tão forte como agora me é. Me obrigo a pensar que é preciso voar e nesta intenção percebo o quanto é preciso aprender a alçar voo das brumas desse imenso negro. 

Lá fora continuam a brotar estrelas aqui e alí. Ontem conheci Criolo, rapaz bom de rima fácil e misturada. Acho que está estourando por aí em Fms malditas, mas confesso ter pensado em cada letra do clipe bem produzido. Brisa musical, quase livre, quase solta, quase que verdadeiramente encontrada na onda do violeta.. Bom de se ver, como é bom de se ver poetas nascendo num mundo já tão sem letras. No começo é só tristeza e melancolia de uma pálida lua, mas depois se arvora em verdes cores esperançosas e faceiras frases... Versos emendados e curtinhos de estrofes soluçadas que, ao meu ver, soam bem.

Não que luas não sejam inspirações para as melhores poesias, visto que hoje (pena que não estava com a minha luz menina.. luz mulher) aquela que vi, com uma estrelinha brilhante logo embaixo de sua delgada forma, cativou pirações emotivas. Saudades da nega e das sensações que só o amor é capaz de traduzir em si mesma. Metalinguística por natureza, a pureza de ser amor em pedra, flor e espinho, acaricia um cotidiano tão árido. 

Parar um pouco pra pensar que a vida é fluida e é contínua. Parar um pouco pra fazer para o tempo e bem fez o annonymos em entrar por aquelas paragens e derrubar tudo: celular, iphone, webmail, sistemas de gestão e o escambau... obrigou os seres de vida a ficarem retidos em suas retinas pensando e admirando o escuro profundo que só seus olhos são capazes de ver... parar para fechar os olhos, com bons pepinos em rodelas pra tirar as marcas e as expressões tão mal combinadas com o dia-a-dia da plebe.

Vontade que faço de falar pra todos, sem ser ouvido.. Sem um grito ou gemido.. sem o estampido de um tiro a queima roupa, queima couro soteropolitanizado por aquela senhora tão simpática... falar com amor e efusão pra quem, no mar da desesperança branda, desfila com seu maltrapilho - poído estandarte de nadas... só palavras pra ocultar que estou cheio deste vazio.. e que ele, por mais vazio que seja, enche o saco do meu liro..

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Luanna


Uma homenagem à pequena Luanna, pequeno presente do meu amigo Felipe Lemos.

Luanna


A lua brilhava no ceu, foi quando ela apareceu
Seus olhos bonitos, castanhos, estranho: Parecem com os meus.

A minha canção de criança, teus sonhos meu arvorecer
A vida tão mais agitada, mas nada... só vivo em você.

O Coração não se engana e ama ao amanhacer
e hoje  é luz dos meus versos, Luanna, que já vai crescer.

Rogério Lima

PS: Luanna com 2 Ns como exigido por lei.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Retalhos

Estar onde estão todas as coisas
todas as coisas que rodeiam em todos os corpos, em todas as farpas, em todos os destroços deixados pelo tsunami que é a mais singela emoção..

É acordar todas as manhãs e buscar nos olhos coragem para peneirar cada centil dos lacrimosos pedregulhos...

Viver em cada momento que se existe por horas parece tão difícil. Tão hostil pisar no mar de tantos nomes. De tantos homens que procuram salvação.

Eu também grito indignado por aí. Grito o som aflito de quem já não sabe mais para onde partir. Hoje já são tantas coisas. Hoje já se está em tantas tantas as coisas..

Serpenteando por aí, ainda que réptil, brincaria de sair desfilando na avenida de sonhos, sondaria misteriosas ondas. Ouviria poesias urbanas e mal feitas que me fariam sorrir. Gostaria demais de frases soltas e não suportaria trinta segundo e bobagens analfabéticas de letrados uspianos.

Ah vida que se projeto em tão poucos planos...

Ah como hoje sentiria doce os pensamentos que se inacabam na mente da criança. Ouviria as gravações da minha voz em fitas cacetes pra lembrar como um dia fui. E pensaria como essa vozinha fina poderia ser uma outra voz..

É ouvir um Stevie Wonder cantando aquela música brasileira e se emocionar com a gaita que tem no solo. Sentir o ritmo da percussão tão característica no som deste preto.

Hoje canto meus versos e penso como o inverso se daria... como se escreveria o pensamento de um pensante atormentado e egoico que hoje sou.

Queria ver ela entrando por aqui, sorrindo e dizendo: vá meu lindo, larga a mão de bestagem e beije logo sua nega até pocar.

Esse ver, sentir e tocar e estar em todas as coisas onde a vida está.

Não me procure se não for importante