quarta-feira, 19 de junho de 2013

Estava fácil governar sem povo.

Para quem sempre me acompanhou por estas linhas, peço desculpas pelo silêncio.
Acho que estava cansado de falar sobre a minha percepção, tão íntima, sobre o caráter psicológico dos tantos brasileiros que me rodeiam. E também sobre o caráter do brasileiro que sou. 

Mas alguma coisa reacendeu. 

Começou como uma fricção, lenta e constante de uma Apeosp reunindo-se todas as sextas feiras em algum ponto de cidade de São Paulo em Maio de 2013, para reivindicar melhores salário para os professores municipais e estaduais.  Essa fricção na madeira em busca do fogo, se juntou com os vários manifestos de liberdade sexual, contrapondo os abusos religiosos e mal intencionada do Marcos Feliciano e sua comitiva de preconceitos. 

A Internet ficou pequena e a tábua dos milagres já estava quente demais para segurar tantos corações em brasa.

Os governos municipais aumentaram as tarifas de ônibus e alguém ficou de saco cheio. Juntou meia dúzia de gatos pingados e foram para as ruas. As ruas ganhou o Facebook. O Facebook voltou para as ruas e quando vimos, já eram 65 mil gritando em São Paulo e outros 200 mil nas ruas de outras cidades brasileiras. 

Tenho conversado com muitas pessoas a respeito. Esse é um dos movimentos mais importantes da década. A isso se assemelha a queda da bastilha, a guerra civil americana, os estudante franceses de maio de 68, o movimento dos caras pintadas. Em particular, no Brasil, o que leva as pessoas às ruas é a paixão; a mesma que leva o sujeito para escolas de samba ou aos estádios de futebol. Obviamente que não falo de paixão alegre e sim do grito.

Não se sabe bem pelo que grita, mas grita. Expõe o sentimento à sua mais íntima indigestão e vomita em jorros de diversos sucos. Os que andam de carro, grita o trânsito. Os que andam a pé, o preço e a qualidade dos sapatos. Os que vão de bike, a falta de infra estrutura e braço. Os enfermos a saúde debilitada em hospitais públicos e a falta de médico nos consultórios privados. Grita a inexistência de negros na sala de aula do curso de extensão de planner  que acabei fazer na ESPM.

No peito sobra o que gritar e o uivo se multiplica em redes sociais cada vez presentes nas manifestações. Sendo de apoio ou de repúdio, não importa, pois isto é uma pequena amostra de como a sociedade está se transformando e que os valores antigos não servem mais para a nossa nova forma de vida.

O gigante acordou? Sim, mas ainda vai andar insone até conseguir achar onde estão os chinelos, a escova e a pasta de dente.

Sou favor das manifestações, com  violência ou sem (este é tema de outro post). Estava muito fácil para os políticos governarem um Brasil sem povo. 
Iniciativa privada, se preparem, o próximo serão vocês. 

2 comentários:

  1. Grande Rogerio Lima, ou simplesmente Dom. Oportunas suas colocações, em suma; estava fácil governar sem povo, e agora, mesmo que ainda nos faltem os chinelos, "ELES" devem estar (no minimo) com MEDO e, antes mesmo da vez da iniciativa privada (concordo plenamente), a grande dúvida neste momento é, quem será o próximo e/ou primeiro a "urinar fora do pinico" ???? Abs

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  2. Grande Rogerio Lima, ou simplesmente Dom. Oportunas suas colocações, em suma; estava fácil governar sem povo, e agora, mesmo que ainda nos faltem os chinelos, "ELES" devem estar (no minimo) com MEDO e, antes mesmo da vez da iniciativa privada (concordo plenamente), a grande dúvida neste momento é, quem será o próximo e/ou primeiro a "urinar fora do pinico" ???? Abs

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Não me procure se não for importante