Sim, estou exposto ao sol, num inverno claro, sem nuvens e, no mínimo, bonito.
Tantas pessoas têm tantos orgulhos para se se orgulhar e eu fico caçando um orgulhozinho que seja pra dizer: Eu posso!, mas nada posso. Será miopia aparente ou de fato? acho que é um pouco dos dois: com um olho não enxergo de perto e com o outro não vejo de longe. No meio? tudo meio embassado.
Ouvindo o som do carro, Gonzaguinha me disse que, pra ele, a palavra EU já morreu. Pois então. Não foi mesmo ontem que disse: O Eu está com letra maiúscula e todas as caixas altas dos meus tipos. Mas o que será que existia em 80 que nos anos 2000s não existem? Ou será que o EU é tão abominável há séculos e nenhuma mudança se consagrou de fato? Ou de fato observamos uma ruptura na estrutura social e que hoje, nos áureos tempos do sozinho, eu também faço parte desta dança que rompe?
E se rompo com os axiomas do passado, e se já briguei tanto pelos NÓS, e se hoje assumo tanto o EU, e se tudo está tão estranhamente fora do lugar, o que de fato existo no instante agora?
Ouvindo Moacir Santos no fone de ouvido, o colega da baia ao lado me solta um grito: Viva Barretesão; e me convoca para uma cartáse idiota e imbecilizada. Brigo com ele por ter me tirado das minhas linhas e dos meus sons e ele me responde: Desculpe não ser tão intelectual. Se não fosse tão de foder seria até engraçado. Não é mesmo agora que estou aqui explodindo e expondo a minha fragilidade e cansaço por tantos desentendimentos?
Insuportavelmente EU.
Sou uma fabricação toda torta
ResponderExcluire essa tortura, tortura de verdade – e isso tudo já faz um tempo.
É desconfortante o não encaixar-se,
o não sentir a liberdade de ser o que se é.
Pior ainda é ver – não de mãos atadas e cheio de conformidade ou vitimologia – que as massas se bem trabalhadas, ficam mesmo homogenias. Aliás, deve estar havendo uma epidemia de homogeneidade...
... uma pena... eu adorava a peculiaridade das pessoas.
Culpa dos nossos políticos-mercenários,
e da roda sobre a qual eu e você falávamos noutro dia.
Ou talvez não... talvez seja mesmo o aquecimento global.
Seja como for,
afetou não só a camada de azônio,
afetou a camada mais alta,
a mais baixa,
afetou a tua camada – camarada
e agora a minha.
Ao rompermos com a dança do acasalamento e a dança da chuva,
só fizemos parar o barulho,
porque cada qual dança só, desritmado, numa falta tremenda de alguém que lhe acerte o passo.
Que mundo vai acabar de pernas pro ar, a gente já sabia.
Mas o foda é que essa merda toda já estava no ventilador faz tempo.
É um poeta... outro sozinho...
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