sábado, 12 de junho de 2010

Eterno começo

Eu imaginei que por trás dos números houvesse apenas números. Que toda a lógica, oriental ou ocidental, fosse vista apenas pelas cartográficas lentes da lógica. Pensei que enquanto fossem dois + 2 nada mais seria contestado, mas nem tudo é desta maneira.
O ambiente criado, sob uma moral milenar e decadente, para se eregir a raça humana, resulta-se principalmente da miscigenação de alfas e números. Não é possível olhar para fatos isolados. Não é possível desfazer-se do todo com a finalidade de focalizar o individual.
Pensei realmente que abstrairia todos os senões tortos para uma alienação lenta e gradual, distanciando mundos na intenção de protegê-los. 

Mas pensei errado.

Tudo está misturado sobre a mais forte cola. Números, coisas, sons, gestos, amores, terrores, sabores e sentidos. Estão todos numa mesma bancada aguardando as peripécias sádicas de um arquiteto. Tudo está em tudo que tudo está. É impossível separar joio de trigo. É impossível saber o que é ou não é aprazível, bondoso, caridoso ou decadente. Todas as coisas estão juntas.

Os resultados positivos de uma ação podem ter nascidos de uma causa degenerativa e, neste contexto, o que seria o bom  e o ruim? Seria ruim a experiência negativa que resultou em uma coisa boa? E se tudo é instável, se o universo é este eterno recomeço nietzscheniano, quer dizer então que o resultado positivo também será a causa para um efeito negativo? Não sei porque indago respostas, se no fundo tudo isso foi  fruto da observação.

Enquanto corro neste moto-perpétuo, tendo por objetivo viagens futuras, encaro leões e leoas, armadilhas, arcos flechas, curvas e loucuras... Berros desesperados de cobras desmamadas e carentes, peçonhentas espécies com duas cabeças e uma certa esperteza... Leopardos que atazanam os cinco minutos vitais de paz que ainda resta e ri, certo que nos outros cinco minutos beberá no mesmo rio que você, descontraído e amigo..  O mundo é demente e eu estou nele, internado entre loucos, louco como os loucos, crendo piamente, como todos os que creem piamente, que a minha verdade é universal... única... De profetas o chão está cheio cumpadi... 

Aonde chegarão as minhas metáforas eu não sei. Enquanto elas existirem é porque também existe uma resistência íntima dizendo: estou vivo, ainda temos mais um round. Porque pra mim a vida é esse retrato metafórico e gostoso... a arte de criar cenários exuberantes para explicar as bobagens do meu tempo... assim como fizeram nos livros sagrados, assim como ainda fazem até hoje nos filmes e eu neste caderno...

Achei que números seriam apenas números e pessoas mais um bicho... mas por hora, está tudo muito junto... muito junto e muito misturado.

Um comentário:

  1. Amigo... acho que é o post mais incrivel que vc já escreveu.... Parabéns

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Não me procure se não for importante