sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Mídia, pânico e aspirinas

Dos alto falantes gritaram monumentais
Idos mentirosos, repetidos repetidamentes
que se transformam lentamente... viram reais.

Noutro, transmissões radiofônicas
contaram uma invasão cruel.
Eram bichos de máquinas voadoras,
de viagens interstelares e metralhadoras
lançandora feixes
de raios de Orson Welles.

Nossa paisagem marinha.
Nossa costa de bélissimos corcovados
Fez crescer o pânico paulista
fez baixar as portas
fez se esconder nos armários
fez passar jornais, folhetins, documentários
contando que o pcc tomava a cidade.
Ví onze milhões de desesperados, correndo com suas bolsas,
rastejando-se pelo chão, fugindo de balas
que naquele momento apenas dois ou três revólveres dispararam.

É nessa fantasia que nasce mais uma gripe
que existe, mas não existe...
Agora é proibido dar as mãos, beijar os lábios, sentir tesão
é proibido e na minha humilde concepção
a pior gripe que existe é a gripe do medo.
O medo publicitário, jornalístico...
Uma população acoada, que coloca máscaras pra se proteger.
De tão macisso gripado noticiário.

Numa cidade distante.....

A Menina
que de tanto medo
vestiu-se à chernobyl
e não viu o farol que fechara vermelho
e acabou.
Protegida com máscara,
jaz no asfalto livre, agora sim,
Livre de qualquer gripe.

2 comentários:

  1. Que beleza ler esse texto...
    esses dias estava pensando... um dia todos terão contraido a gripe tão falada...
    Mas o que mais me deixa perplexa é que essa semana estava voltando do almoço com um amigo de trabalho e estávamos falando justamente do pânico com gripe e em um momento de brincadeira ao atravessarmos a rua um carro vinha a todo gás para nosso lado e caso o carro atropelasse meu amigo brincamos,que a notícia saíria assim... Rapaz de 25 anos, advogado e que estava com a gripe suína morreu ontem a tarde na Faria Lima, mas com certeza não falariam que ele tinha sido atropelado. Que irônia...

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  2. tudo bem que as escolas municipais e estaduais estão grandes bostas, mas as autoridades suspendem as aulas da molecada e, em vez de "estudarem", essas porras ficam trepando na escada do prédio e bebendo pinga no gargalo até mesmo numa segunda a tarde...
    não que essas coisas sejam foda, pois o foda mesmo é que ninguém me convida!

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