segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O Homem e a paisagem humana

Imagem: Thiago Lupo


Aquela chuva nunca mais ía parar de cair. Ela veio para ser a eterna chuva daquela noite infinita. Acendi um cigarro, protegi-o com minha mão em concha, dei dois tragos e sai de um toldo para me proteger em outro. A água formava um rio que eu era forçado a pular e serpenteava na sarjeta, empurrando toda a sujeira da cidade para os bueiros entupidos.

Eu tinha pressa. Olhei para o relógio que marcava quinze pra uma da manhã. Isso significava mais uma noite num destes muquifos do centro. Sentia-me como um personagem dos quadrinhos do Batman à procura de um abrigo. Um pouco à frente, li na placa: "23 reais - pernoite". Dei um último trago antes de entrar, olhei para o lado e fiquei completamente estático por infinitos segundos. Aquela cena era infinita demais pra mim. Infinita como a chuva que caía.

Traguei o ar com gosto filtro molhado já sem brasa, arremessei-o ao léu, subi e não preguei o olho durante toda a noite.

3 comentários:

  1. Finita noite...infinita dor.
    O abrigo se tornou cilada.
    Na próxima encare a chuva com prazer.
    Talvez essa eterna escuridão...torne-se um interno clarão!
    Mas também pode virar um resfriado...mas está ai a sujestão!

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  2. Passei para visita-lo e ficar a par de suas novidades
    Abraços super carinhoso
    òtimo final de semana para ti
    Preciosa Maria

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  3. Demorei para comentar e não tinha entendido por quê. Agora saqui: fiquei sem palavras...

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