sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Nada disso que preciso

Da minha mesa vejo um horizonte longo de prédios.
Um crespúsculo que se anuncia frio, num dia frio, num corte frio.
Ao lado de uma grande estrada, passeiam carros nas duas direções,
carros com passantes motorizados, cujos pensamentos não consigo e nem quero prever.
Não sei se vejo uma represa ou um lago, mas é água... água de uma chuva rarefeita
que chorou esses dias durante anos... agora não chove mais.

Aqui dentro agradeço o calor humano, mas não sei se deveria agradecer...
chovem outras chuvas de humanos que se perdem em horizontes mal construídos, como aquele que vejo...
Assim não desejo nada.. nem aspiro ...

foi mesmo ontem que não desejei o ser humano,
mas minha contradição é tamanha que, hoje, me comovo...
e de novo me envolvo com vidas que se expressam em diversos olhares..
olhares que hoje olharão baixo... como os farois baixos dos carros passantes..

No fim, o sol ilumina um galpão metalurgico...
um desejo telúrico de que nada disso seria mesmo preciso..

3 comentários:

  1. bom ouvir você rogerson

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  2. orgulho danado, doído.
    pitada de inveja, dessas que
    dizem ser boa.
    acho que não tem inveja boa.
    mas aqui tem coisa que eu queria dizer assim:
    leu? fui eu que escrevi.
    orgulho danado, rapaz.
    dói de tanto orgulho.

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Não me procure se não for importante