segunda-feira, 7 de junho de 2010

Nunca mais foi como antes

Hoje aquele homem me olhou com olhos de fera.
Ele me odiou infinitamente, pois 
Em minhas mãos estava a carta que lhe revelava os segredos. 
Bobos segredos vis, pelos quais ele amava tanto.
Perguntou-me diversas vezes sobre o paradeiro dos papéis, até que, numa cartase anafilática, zangou-se e rompeu a cela furioso como um animal em transe.
Era a própria criatura de Frankstein, olhando nervosamente para o cientista, na esperança que lhe entregasse a tão prometida liberdade.

Ele queria as poucas moedas que o testamento que eu tinha nas mãos o transferia.
Em nenhum momento ele perguntou quem morrera para que existisse a carta de cessão. 
Não muitas, mas especiais almas desfizeram-se para a constituição deste tão sórdido arcabouço, 
porcamente forjado para alimentar a ânsia deste animal constituído de uma ciência inumana e exata.

Aquele homem que um dia desbravou o mundo com poucas pratas na algibeira, hoje contempla grades que, em tudo, refletem o frio e opaco brilho do metal.  

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