sábado, 26 de dezembro de 2009

Abiento Solabante. bah!

Pendurei as chuteiras.
Larguei mão da vida assim sem jeito
Vou agora dar meu jeito nas coisas
Vou andar por aí, viajar pelos mares
pra ver se me sobra coragem
de mudar novamente de ares.

Porque pra mim a vida é isso mesmo
É essa totalidade totalitaristas
que somente uma verdade me trás:
A Liberdade.

E não é só a liberdade de jogar bola descalço, 
mesmo porque fumo muito pra isso,
é a de poder olhar nos seus olhos
com uma olhar claro e dizer o que sitno.
Dizer o que faço.

Quero dizer que vim aqui pra fazer qualquer coisa diferente
Só pra imitar todos aqueles que tentaram.
Não tenho vergonha do ridículo absoluto.
Tenho vergonha de pensar que poderia fazer.
E se porventura não fiz, não me envergonho:
Quase morro!
Mas sobrevivo pra dizer que quis...
Que quis demais, mas que enfim, 
não me estranhe, não é assim que se faz.

A vida é um caminho entre a liberdade e o paraíso,
é isso mesmo, Kleber?
É isso?
É essa tentação de ter que fazer pra chegar aonde?,
pra onde minhas vistas não conseguem enxergar?,
ou aquela que finjo estar, só pra não parecer turvo demais o caminho?

Ah!
Vamos em frente.
Assumo minhas iniquidades pra ser um pouco menos hipócrita
e não sigo religião pra não dizer que foi ela.
Por que nela até hoje só vi solidão.
A vida-certeza é demais pra uma vida que desce
desbaçunda numa esparrela sem saída...
Já que vamos pro beco, e que pra isso não tem jeito,
vamos ao menos com menos cara de conteúdo.

Assumo que neste ano perdi.
Ganhei um dinheiro danado, mas sentimentalmente falando,
se é que um dia eu fiz o contrário,
assumo que, neste mal agouro que finda, 
perdi. 

Como diz meu amigo Grilo, tem que ver o milhozinho....
hahahahahahahahaha
ver que alí, aonde você deixou toda a sua iniquidade
há um milhozinho... e deveras há.
é só olhar com calma, com a vista que é sua, 
com o corpo que é seu,
que sem dúvidas há.

Abiento compañero, 
Solabante, compañero, 
Abiento Solabante. bah!

Um comentário:

  1. Um poquito de Otto Lara Resende pra ti... O texto, na íntegra, se chama "Vista cansada" (próprio para um paulistano 'roto pelo pó do trânsito' rs...)

    "Se eu morrer, morre comigo um certo modo de ver, disse o poeta. Um poeta é só isto: um certo modo de ver. O diabo é que, de tanto ver, a gente banaliza o olhar. Vê não-vendo. Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver. Parece fácil, mas não é. Já não desperta curiosidade. O campo visual da nossa rotina é como um vazio"

    ResponderExcluir

Não me procure se não for importante