segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Álvaro de Campos

A vida é assim
Qualquer coisa de caótico no meio disso tudo.
Enfim, tardiamente, lendo Álvaro de Campos,
Cuja indicação foi brilhantemente feita por Rita Martelini,
Amiga distante, poetisa presente, observadora marrenta de minha cotidianice,
Que em dedicatória feita a mim disse: "porque nele te vejo, meu amigo-poeta",
Sinto arrepios...

E me viu.
E realmente ela me viu.

Que náusea é essa presente na errante vida?
Porque enxergo tantos dromedálios pelos caminhos que passo?
Será infinita a minha inconstante passagem?
Será então minha vida essa página em branco de infinitas letras que embaralho?

Talvez seja, amiga poetisa da pequena Cambé.
Talvez seja.

Porque ando mesmo sem vontade de encarar meus rumos com coragem.
Hoje mesmo pensando em versos, peguei-me no dilema: por onde andará meus textos controvérsios?
Onde ficou mesmo aquela rima endoidecida, nascida de uma mistura confusa?
Solta no ar, no vento, arrastando minhas ondas de pensamentos incompletos?

Brinco demais com a vida e com o ser cético,
mas acordar sob o desânimo das oito, desfeito de esperança,
caçando, cavucando uma novidade e em tudo isso perceber-se
aceta, não pela opção, mas pela condição a que fui levado,
(por mim) é um martírio.

Paro a brincadeira de polícia e ladrão
e subo pra casa pensando que a luta deixou de ser engraçada
pra, sem querer, se tornar real.

Amiga-poetisa que poetiza em Martelini, viva à poesia dos incompreendidos,
mas confesso que minha incompreensão é fruto de uma natureza mimada.
Não se trata exatamente de incompreenderem-me, mas de eu mesmo não me compreender.

Acho que Álvaro era assim; um bom dum mimado!

3 comentários:

  1. Mimado, minado de rimas pobres que enobrecem. Gracias. Adorei, poeta (-: Rita Martelini, essa mesma de Cambé!

    ResponderExcluir
  2. E ser assim é o que te transforma nesse ser humano lindo... E encorajador... Não precisamos ter um rumo a todo instante... Nem manter sempre o mesmo ritmo ou caminho (vc me ensinou isso) e ser assim como vc e "Álvaro de Campos" e que transforma essas confusões a parte mais bonita da história....

    ResponderExcluir
  3. é por isso que uma das que eu mais gosto dele é aquela que diz:

    "Nada sou, nada posso, nada sigo.
    Trago, por ilusão, meu ser comigo
    Não compreendo, compreender nem sei
    Se hei de ser, sendo nada, o que serei?”

    ResponderExcluir

Não me procure se não for importante